Por muito
tempo a filosofia oriental andou junto aos mitos e religiões. Mas isso
não significa o imobilismo das idéias , quando os primeiros gregos se
perguntavam o que é o homem , já um colossal esforço de sistematização
de doutrinas estava pronto, ou em adiantada elaboração em três outras
regiões. Uma era a Mesopotâmia onde já em 4.000 a.C. assírios e caldeus
estruturaram uma visão do mundo, que perdurou até Zoroastro propor um
deus único e fazer uma reforma religiosa no atual Irã. A segunda é a
Índia onde os textos dos Vedas (Livros do Saber) formaram mentes já em
1500 a.C. o hinduísmo, o bramanismo e o budismo vieram à tona. A
terceira é a China, onde a dinastia Chang já introduzia transformações
culturais em 1600 a.C. e onde depois se assistiu à expansão do taoísmo e
à sistematização religioso-político-familiar de Confúcio, que moldou a
sociedade chinesa dos séculos seguintes.
História do pensamento vol.1, Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo, Brasil1987 Pág.4
Mesopotâmia
Nesta região
da Ásia entre os rios Tigre e Eufrates (parte hoje do atual Irã e
Iraque) surgiram não só inovações como a roda, a organização da
agricultura e a engenharia hidráulica, mas também a primeira escrita (a
suméria) de que se tem noticia. Cidades como Nippur, Uruk e Eridu já
existiam em 3.000 a.C. com um comércio que cresceu regularmente e uma
cultura que se estendeu a povos vizinhos e alcançou terras longínquas
como a Índia e a China. É nessas primeiras células de vida urbana, numa
área que depois floresceria Nivive e Babilônia que se origina um
pensamento com maior grau de elaboração. A crença do Neolítico na
deusa-mãe que personifica a fertilidade da terra desdobra-se em inúmeros
cultos a divindades sobrenaturais que correspondem às forças da
natureza.
O complexo
sistema de divindades e crenças é depurado no século VIII a.C. por
Zoroastro ou Zaratustra que numa nação ao sul da Pérsia ensina a existir
um único deus, principio do bem, Ahura Mazda. Presente na mente de cada
homem, ele luta constantemente contra Arimã o principio do mal, e cabe a
cada ser agir corretamente para a vitória final do bem.
História do pensamento vol.1, Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo, Brasil1987 Pág.5.
Índia
O primórdio
da civilização indiana pertence a um passado remoto, mas o que se presta
ao estudo, como cultura antiga principia com os arianos, que chegaram à
região a partir de 1500 a.C.
Rudimentar
no início, essa cultura amplia-se numa coleção de obras em sânscrito os
livros dos Vedas. Em hinos épicos como Rigveda e outros, emergem idéias
poderosas como a existência de uma ordem no universo, nos níveis de
físico (rita) e moral (darma) e a necessidade de sacrifícios para
conservá-la. Uma complexa liturgia do qual se encarrega à casta dos
sacerdotes, auxilia nessa tarefa controlando a energia cósmica (brâman),
princípio de todas as coisas e da qual dependem todos os acontecimentos
do mundo. Os Brâmanas, livros dos mais importantes da literatura
védica, ajudam assim a entender a evolução doutrinária da Índia Antiga,
preenchendo um período que vai pelo menos até 850 a.C. e no qual tudo se
faz sob o manto generoso e dominador do deus Varuna. Numa fase
posterior, até aproximadamente 700 a.C. o pensamento indiano vai mais a
fundo em suas abstrações e compõe outra grande elaboração
filosófico-religiosa , os Upanichades. Esse termo significa
“comunicações confidenciais” e sugere que boa parte dos muitos textos
ali contidos é de difícil acesso a não-iniciados. Os Upanichades rompem
com as idéias originais de divindade e vêem o brâman como espírito único
da realidade, presente em tudo. Cabe ao homem purificar o seu atmã
(este Eu, alma) para identificar-se com esse real eterno. Isto se faz
através de sucessivas reencarnações, que se definem e dirigem por uma
linha ou regra, o carma. Uma ardente convocação para ascensão espiritual
está no Bhagavad-Gita (Canto do bem aventurado), o mais famoso livro
sagrado do hinduísmo que por sua vez é apenas um episódio de um grande
texto épico de 250.000 versos, o Mahabharata (Grande Índia).
Esse fulcro
de idéias, onde se menosprezam práticas rituais e onde a salvação
individual consiste em abandonar o ego e mergulhar numa essência
universal, constituiu o jainismo ( fundado por Mahavira) e do budismo,
ensinado por um ex-príncipe Sindarta Gautama, nascido em 556 a.C. num
reio no norte da Índia, junto a fronteira do atual Nepal. Meditando,
Gautama atingiu a iluminação e tornou-se Buda (Iluminado). Em seus
ensinamentos até morrer com 86 anos em 470 a.C. ano em que Sócrates
nascia, Buda propunha o esforço de cada um para livrar-se dos desejos,
das ilusões e do individualismo para chegar ao nirvana cortando desse
modo a cadeia de reencarnações que o levaria de novo a enfrentar
doenças, sofrimento e morte.
História do pensamento vol.1, Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo, Brasil1987 Pág.5,6.~çi9-=
China
Já no século
XVI a.C. começa a vigorar no China a idéia de que o mundo é regido por
forças misteriosas e de que cabe ao imperador intermediar entre o homem e
Shang-Ti, a divindade celeste. A felicidade das pessoas dependerá da
sabedoria desse soberano e das corretas consultas ao I Ching (o livro
das mutações) um manual aconselha atitudes a serem tomadas. No cerne de
cada situação, ou de cada ato, agem duas forças opostas (e, quando bem
entendidas, são complementares: o ying e o yang). É curta, e inadequada,
a visão de que esses pólos representariam o bem e o mal, luz e trevas,
certo e errado, em eterna luta. Mais apropriado é entendê-los como a
ação e a reação inerentes à natureza do homem. Esse conjunto de idéias
está presente em duas correntes que, embora adversárias, tem raízes
comuns na tradição chinesa: confucionismo e taoísmo. O primeiro fundado
por Confúcio (551-479 a.C.), é uma sistematização ético-filosófica
destinada a manter a estabilidade da nação.
O taoísmo
despreza sumariamente valores socias, família ou governo. Tudo isso,
mais desejos e egoísmo são artifícios passageiros, como prega Lao Tsé
que se supõe ter vivido entre 604 a 531 a.C. em seu livro Tao Te Ching
(livro do sentido da vida) ele fala do indefinível, Tao que é ao mesmo
tempo meta e caminho algo que contém o ying e o yang, mas os transcende
em uma harmonia superior.
História do pensamento vol.1, Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo, Brasil1987 Pág.7.
Fonte: www.yongchunquan.wordpress.com
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