Filosofia Circular

sábado, 21 de dezembro de 2013

Fim de ano ?


Cada fim de ano figura o fim do mundo. Vejo no sorriso alegre de cada indivíduo uma espécie de maquiagem, máscaras, estas que escondem uma caveira em decomposição. Não se trata de querer assustar os pobres humanos com a morte que há de vir, mas de constatar que não há motivos para sorrir tanto e, mesmo assim, sorriem em meio a frases prontas como “Feliz ano novo e que tudo se realize no ano que vai nascer”. Ora, um filósofo chato de carteirinha começaria a fazer uma profunda avaliação da sentença, que toma como base princípios indemonstráveis – todo princípio é indemonstrável para quem não sabe –, que engana o homem e que este parece gostar de ser enganado. Mas o desejo de ser feliz continua tão presente como a nervura que estrutura o homem em pé, que o permite levantar da cama e mendigar a felicidade como o caçador busca sua presa. O homem é um predador da felicidade, mas, com uma ressalva: o negócio é permanecer no desejo e nunca alcançar a presa. É o que o velho e bom Blaise Pascal chamaria de divertissement, um desvio militar estratégico da própria condição, um esquecimento de si, do próprio vazio ancorado no coração humano. No entanto, não há coisa melhor a se fazer, para aqueles que bancam os filósofos, pois detectar o divertissementno povo já é divertissement de intelectual. Diante disso, mergulhado no divertissement ou abraçando-o ao detectá-lo, como poderíamos viver?
De fato, esta última questão parece ser o grande enigma do filósofo que busca a saída da caverna e a visão do esplendor das ideias que podem dirigir a vida. Nestes tempos de festas que o mercado tomou conta – e o mercado sempre tomará conta de qualquer festa, até da filosofia, mas isso é estória para outro dia –, salientei a busca da felicidade e o trágico pensamento de Pascal. Agora, antes de desejar meu feliz ano novo filosófico, trago ao palco mais dois filhos da tragédia, Epicteto e Schopenhauer. O primeiro tem uma pérola que escorre entre seus dedos e, por acaso, caiu sobre minha escrivaninha: “Não busque fazer com que os acontecimentos cheguem como você quer, mas queira os acontecimentos como eles acontecem, e o curso de tua vida será feliz”. (Manual, VIII, Ed. Flammarion). A vontade de gravitar os acontecimentos como convém à nossa vontade é o erro do homem: este deve assentir àquilo que acontece e como acontece. O filósofo grego é um trágico ao mostrar este desajuste entre o não sábio e tudo que lhe acontece. A tonicité – firmeza – buscada com tanto afinco pelos estóicos ainda tem algo a nos ensinar, pois será permanecendo nela que seremos felizes e poderemos entoar um feliz ano novo estóico. Todavia, ainda não cheguei lá: olhando mais de perto, quais seriam estes acontecimentos que acariciam nossos rostos todos os dias e, mesmo ferindo a pele ao nos tocar, manteria nossa tonicidade? Schopenhauer atravessa o século e sussurra um grito em meus ouvidos: “Parecemos carneiros a brincar na relva, enquanto o açougueiro já está a escolher um ou outro com os olhos, pois em nossos bons tempos não sabemos que infelicidade justamente agora o destino nos prepara – doença, perseguição, empobrecimento, mutilação, cegueira, loucura, morte, etc.” (Contribuições para à doutrina do sofrimento do mundo, &150, Coleção OS PENSADORES). Não faço aqui grandes elucubrações abstratas – meus pés estão no barro e cheiram sangue, como a citação do filósofo alemão. Agora poderemos dizer feliz ano novo, mas lembrando que o divertissement de Pascal é o que nos mantêm no processo, então, que nem tudo se realize no ano que vai nascer, pois o que nos restará a fazer se tudo já estiver feito? Portanto, em um só coro, em uma só voz, Epicteto, Pascal e Schopenhauer exclamam, com todas suas observações, seu feliz ano novo filosófico: “Feliz ano novo e que nem tudo se realize no ano que vai nascer”, apesar de nosso Mario Quintana, o poeta de Alegrete, não deixar esquecer em um de seus poemas que estão gravados no meu coração, quando penso como poderia escolher viver: “A vida é triste, o mundo é louco”. (A Cor do Invisível, p. 882, Editora Nova Aliança).

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Filosofia da depressão


Uma em até cinco pessoas pelo mundo, em um período da vida, provavelmente apresentará o que a medicina denomina depressão. Determinadas modificações químicas no cérebro com vinculação dos neurotransmissores (noradrenalina e serotonina, em maior proporção estas) estarão associadas a autoestima arruinada, tristeza continuada, alterações cognitivas graves. Cansaço, medo, desinteresse, vazio, sensação de dor, de morte, insônia.
Suponha que eu diga que um ventilador apresenta barulho, as pás se movimentam em baixa rotação, às vezes param. E em seguida, eu lhe digo que abriremos o pequeno motor elétrico do ventilador e que pesquisaremos o que faz com que ele apresente autoestima arruinada, tristeza continuada, cansaço. Você me diria que uma pessoa não é um ventilador? Sim, eu acredito que a maioria não é um ventilador; não sei dizer de todas, não as conheço. A Filosofia Clínica estuda alguns elementos dos bastidores mecânicos do fenômeno médico (não filosófico clínico) nomeado por depressão. Exemplo: historicamente, a depressão é tida como apatia, renúncia, recuo, destituição dos elementos vitais. Uma falácia compreensível, mas cada vez menos justificável, se você tomar a Filosofia Clínica como estudo. Acredito na depressão como um movimento também de luta, de afirmação, de vida. N., senhora a quem atendi há muitos anos, escreveu na época: "...a única vez em que tenho a lembrança de estar realmente viva, Lúcio, foi quando estive em depressão. Aquele luto, tudo sem cor, dor no corpo, vontade de morrer é que me fez viver. Aprendi o que é viver na minha depressão. Sem a depressão a minha vida não teria graça nenhuma".
Mas é notório que alguns não desenvolvam a depressão, ainda que diante de quadros existenciais predisponentes historicamente a ela. Já algumas pessoas, pela constituição interna que formaram estruturalmente, caminham facilmente, pelo pequeno estímulo ou nenhum, em direção a ela. Encontram subterfúgios para um caminho rumo ao que se chama depressão. Há muitos exemplos. Um deles encontramos nas palavras de Nietzsche em Para além do bem e do mal quando escreve: "Os homens que conheceram a profundidade da tristeza, se traem quando são felizes, têm um certo modo de compreender a felicidade que parece mostrar que querem comprimi-la e sufocá-la, por ciúmes - porque sabem que, infelizmente, essa logo fugirá".
Também a sociedade pode empurrar grupos de pessoas a uma condição similar ao que a medicina chama de depressão por motivos que vão da lição à advertência. Mas qual a razão de, eventualmente, a sociedade promover a depressão e, concomitantemente, oferecer auxílio para a depressão que - neste caso - fomentou? Uma das respostas está na natureza da ajuda que a sociedade oferece (observe em quais condições os remédios e as terapias servem como paliativos, quando estão a serviço do próprio "mal" a que se propõem debelar). Existem fatores sociais, intrincados, derivativos, difíceis de mapear que podem levar ao que se denomina depressão. Diversos pesquisadores buscaram estes vetores; alguns autores os imaginaram, inventaram, enquanto outros os descobriram. Nem sempre esta diferença é relevante. Tomemos como exemplo o que Joaquim Nabuco escreveu em O abolicionismo, obra de 1884 (por favor, procure dar contexto ao escrito que segue): "Quanto às suas funções sociais, uma aristocracia territorial pode servir ao país de diversos modos: melhorando e desenvolvendo o bem-estar da população que a cerca e o aspecto do país em que estão encravados os seus estabelecimentos; tomando a direção do progresso nacional; cultivando, ou protegendo, as letras e as artes; servindo no exército e na armada, ou distinguindo-se nas diversas carreiras; encarnando o que há de bom no caráter nacional, ou as qualidades superiores do país, o que mereça ser conservado como tradição. Já vimos o que a nossa lavoura conseguiu em cada um desses sentidos, quando notamos o que a escravidão administrada por ela há feito do território e do povo, dos senhores e dos escravos.
Desde que a classe única, em proveito da qual ela foi criada e existe, não é a aristocracia do dinheiro, nem a do nascimento, que papel permanente desempenha no Estado uma aristocracia heterogênea e que nem mesmo mantém a sua identidade por duas gerações? Se, das diversas classes, passamos às forças sociais, vemos que a escravidão, ou as apropriou aos seus interesses, quando transigentes, ou fez em torno delas o vácuo, quando inimigas, ou lhes impediu a formação, quando incompatíveis".
Intensidade na experiência dos fenômenos relacionados à depressão é um dos fatores mais mencionados por pessoas que a viveram, como a tristeza muito forte. Existe aqui uma peculiaridade: a intensidade, de modo amplo, mas sem ser regra, liga-se imediatamente a dois eventos usualmente próximos. O primeiro, a paralisação de atividades que estavam em andamento; o segundo, ao contraste com os fenômenos internos. Mas já encontrei situações em clínica nas quais as pessoas atribuíam a intensidade por diferenciação e não por critérios de mais ou de menos.
A Analítica de Linguagem, um dos ricos veios da Filosofia Clínica, auxilia a decodificação dos laços internos, a mecânica da depressão, quando os dados de Semiose são verossímeis. Ou seja, observe a vizinhança, os referenciais, o movimento para uma acepção. E os casos nos quais tudo vai bem existencialmente, não há quaisquer registros que possam aventar a possibilidade de um quadro depressivo, nem histórico em torno da pessoa, e subitamente um forte episódio de depressão desce sobre a vida da pessoa arruinando suas buscas, seu trabalho, sua família? Eis um dos motivos pelos quais em Filosofia Clínica tanto se confere ênfase a interseções tópicas, aos movimentos estruturais.
A depressão também pode ser indicada existencialmente. Certa ocasião, em uma aula, sugeri a uma aluna farmacêutica que oferecesse em sua farmácia depressivos, e não apenas antidepressivos. A questão é que a sociedade na qual vivemos entende como razoável o antidepressivo e como uma afronta o remédio depressivo.

Fonte:Lúcio Packter é filósofo clínico e criador da Filosofia Clínica. Graduado em Filosofia pela PUC-FAFIMC de Porto Alegre (RS). É coordenador dos cursos de pós-graduação em Filosofia Clínica da Faculdade Católica de Cuiabá e Faculdades Itecne de Cascavel. luciopackter@uol.com.br

quinta-feira, 28 de novembro de 2013




O Deísmo  expressa uma posição filosófica e também religiosa que aceita a ação divina na criação do mundo, convicção esta conquistada não por revelações de Deus, mas sim pela compreensão racional da Divindade, uma percepção que parte do conhecimento das leis que regem a vida e a Natureza. Esta doutrina nasceu no final do século XVII, na Inglaterra, fruto das teorias elaboradas por Lord Herbert Cherbury, o criador do deísmo britânico. Em princípios do século XVIII estas idéias se disseminaram pela França, onde surgiu a expressão que deu nome a este movimento – o deísmo.
Pensadores franceses desta época defendiam que os adeptos desta filosofia  não tiveram a oportunidade de se tornar ateus, enquanto no século XIX outros filósofos do mesmo país afirmavam que os seguidores deste movimento nunca desejaram ser descrentes de Deus. Estes conceitos distintos revelam a polêmica em torno da definição concreta do Deísmo.
Pela lógica deste pensamento, que racionaliza a crença em Deus, não há necessidade de se institucionalizar a religião, ou seja, é dispensável a criação de cultos religiosos formais. Ao contrário do teísmo, que também afirma a existência doCriador, gerador de tudo que há, o Deísmo acredita que a interferência desta Divindade no mundo por ela produzido cessa exatamente neste momento. Ele lhe atribui leis que regerão a vida e seus mecanismos, depois deixa sua criação relegada às normas naturais instituídas por Ele; e, além disso, dispensa seus ritos de devoção.
Mas não há um consenso doutrinário nem mesmo entre os próprios deístas. Eles nem mesmo adotam uma doutrina exclusiva. É certo, porém, que eles substituem o conceito de ‘revelação divina’, os atributos dogmáticos e convencionais das religiões, pelo uso da razão, das experiências científicas, bem como pelo conhecimento das leis naturais. Deus, para os deístas, não é exatamente um ser antropomórfico, a quem são atribuídas as características humanas, tanto as físicas quanto as emocionais. Ele pode ser compreendido como o princípio vital que anima tudo que existe, como a energia geradora da vida, ou ainda como o motor que move o Universo. Esta visão, naturalmente, vai de encontro às crenças das religiões ortodoxas.
Os deístas crêem que, se uma revelação realmente se concretiza, ela deve valer apenas para quem a recepcionou, não como uma verdade absoluta e universal imposta a todos. Isto significa ver as diversas religiões como emanações distintas de uma mesma verdade divina, embora esta não seja soberana e ilimitada. Assim, este movimento é fruto do Humanismo que permeava o movimento renascentista, o qual posicionava o Homem como centro de tudo, em contraposição ao Teocentrismo, que defendia ser Deus o centro do Universo. O foco principal da cultura humana se transporta de Deus para o Homem. Neste contexto do nascimento do Deísmo também ocorria uma expansão da Ciência e, portanto, do racionalismo.
Os deístas acreditavam na possibilidade de se criar uma religião natural, de algo que podia ser compreendido por meio do raciocínio. Eles rejeitavam, assim, qualquer fé em milagres ou em acontecimentos sobrenaturais. O Deísmo também defendia que não se podia conhecer a Deus, mas apenas o que ele tinha criado. Era nas leis elaboradas por Deus que o indivíduo deveria se pautar em sua vida. Mas engana-se quem pensa que grande parte dos deístas realmente achava que Deus não interagia de forma alguma com o universo humano, embora alguns assumissem uma posição totalmente agnóstica, pois defendiam que no seu cotidiano o Homem deve se guiar pela Razão.
O Deísmo se difundiu sempre em contextos nos quais o fanatismo imperava, como na Inglaterra, onde ele se estabeleceu em contraposição à Igreja Anglicana e ao radicalismo puritano. Na França este movimento foi disseminado principalmente por Voltaire, que neste país popularizou os escritos deístas ingleses, somados aqui ao sentimento anticlerical dos chamados enciclopedistas. Alguns filósofos, desta forma, acabaram se tornando ateus. Na Alemanha, Kant, um dos principais pensadores alemães, destacava que a moralidade não poderia ser fruto de uma revelação divina, mas era algo inerente à racionalidade humana.
Embora os deístas creiam na existência de vida em esferas que transcendem a matéria, não se deixam seduzir por dogmas ou mitos, e geralmente apresentam alguma espécie de frustração com as religiões tradicionais.
Fontes
http://encfil.goldeye.info/deismo.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deísmo

Alguns Filósofos Ateus


A historia do pensamento ateu é bastante difusa e, por isso, nada concentrada em único individuo ou lugar. No entanto, como muitos dos conceitos ocidentais, o primeiro relato de um pensador ateu ocorre na Grécia antiga, no século 4 antes de Cristo. A origem da palavra deste modo deriva do grego antigo, sendo o adjetivo atheos formado pelo prefixo a, dando o significado de “ausência”. O radical “teu”, derivado do radical theos, significa “deus”. Assim resultando o sentido de “sem deus”


Epicuro

Na Grecia, quem difundiu as ideias da ausência de deus foi o filosofo nascido na ilha de Samos em 341 a.c., Epicuro mesmo não sendo propriamente um ateu, levantou a questões de que os deuses nada mais são do que simples analogias das qualidades humanas. Durante seus estudos, Epicuro indagou relação das pessoas com os deuses do Olimpo, pois, para ele se os deuses existissem, eles teriam mais com o que se preocupar em vez de criarem métodos de sofrimento para as pessoas.



Carnéades

Influenciado pelo epicurismo, o filosofo Carnéades, de Cirene (214 – 129 a.c.) chegou a dzer abertamente em publico que os deuses não existiam. Na ocasião ele estava em Roma, enviado com mais dois outros filósofos para representar Atenas na cidade. A declaração do pensador foi durante uma conferencia no senado romano e é considerada a primeira manifestação publica de ateísmo filosófico.  




Após o domínio cristão
Com o crescimento da doutrina crista pelo mundo ocidental e a estatização da religião, durante muitos anos, ser ateu era considerado uma ofensa. Conforme a igreja Católica foi se constituindo, mais e mais perigoso tornou-se o fato de ser ateu, chegando ao patamar de transformar em uma acusação. Muitas das vezes, apenas ser mencionado por alguém, ou mesmo cogitado, já era o bastante para o dto herege ser condenado a fogueira. Devido ao perigo de ser ateu, não é possível precisar quantos ou mesmo quem era ateu até a chegada do iluminismo, no século 18.

Diderot

O filosofo Denis Diderot (1713 – 1784) é um dos mais ferrenhos críticos francesses da religião, autor, dentre vários, do livro A Religiosa. Nesta obra, Direrot ataca diretamente a igreja Católica e as praticas eclesiásticas. Além disso, em A Religiosa, o autor denuncia vários abusos cometudos pela igreja – que, na época, detinha um poder inquestionável perante a população europeia como todo. É celebre a frase em que Direrot diz: “O homem só será livre quando o ultimo déspota for estrangulado com as entranhas do ultimo padre.”


Século 19

Feuerbach

Nesse período, ouve uma grande proliferação dos ateus na Europa. Tido como principal filosofo contemporâneo ateu e um de seus mais notáveis difusores, o alemão Ludwig Feuerbach (1804 – 1872) chegou a influenciar o mais conhecido pensador ateu: Karl Marx. As ideias de Feuerbach têm como base que deus é a projeção do desejo de perfeição do homem. Assim, deus nada mais seria do que o próprio homem evoluído dentro de uma concepção divina. Na obra mais famosa do autor. A Essência Do Cristianismo, Feusrbach diz que o pensamento teológico, na verdade, é o desenvolvimento de um raciocínio em que “o homem cria deus a sua imagem e semelhança”.

Marx

Contemporâneo de Feuerbach, e também alemão, Karl Marx (1818 – 1883) exprimeiu com clareza a tendência ateia no livro Uma Contribuição A Critica Da Filosofia Do Direito De Hegel, de 1844. Na obra, Marx expos as ideias anticlericais e antiteistas, influenciando uma serie de pensadores modernos ao ter, em uma das características, a declaração explicita do ateísmo como consciência individual. Todas as revoluções marxistas, como na URSS ou  na china, tiveram como marca a perseguição religiosa. Em razão dessas perseguições, mortes e prisões, ate hoje se relaciona o comunismo marxista a intolerância religiosa.

Nietzsche

Ainda na Alemanha no século 19, outro influente pensador ateu foi Friedrich Nietzsche (1844 – 1900). Nascido no ano de publicação do livro de Marc. Uma contribuição a critica da filosofia do direito de Hegel, no antiteismo, Nietzsche é conhecido pela famosa frase: “Deus  esta morto”, além do questionamento: “Seria o homem um erro de deus ou deus um erro do homem?” feito no polemico livro O anticristo, em que Nietzsche ainda proclama que o único cristão morreu na cruz. No caso, isso seria uma critica a origem do cristianismo, pois, para Nietzsche, o fundador do cristianismo não foi Jesus, mas Paulo de Tarso, que teria deturpado os ensinamentos de cristo a partir de suas próprias interpretações.


Século 20

Sartre

Conhecido pela vertente filosófica existencialista, Jean-Paul Sartre (1904 – 1980) é um dos mais notórios pensadores do século 20. Influenciado pelo marxismo, Sartre desenvolveu uma dialética que explana varias razoes para a inexistência de deus. Em decorrência da defesa do existencialismo ateu, suas obras foram ate mesmo incluídas na lista de livros proibidos pelo vaticano. O existencialismo sartreano reconhece a moral laica em que os valores humanos existam sem a necessidade do divino. Considera a moral uma consciência de responsabilidade do próprio individuo, não o medo da punição divina pelo erro.

Sam Harris

Dos pensadores ateus contemporâneos, um dos mais proeminentes é estadunidense Sam Harris (1967). Graduado em filosofia, recebeu o titulo de doutor em neurociência em 2009. O pensamento de Harris se baseia em pontos tanto ideológico como físicos para demonstrar a “farsa das religiões”, sendo esse o mote de doutorado em neurociência. Durante os anos de estudo, Harris utilizou imagens de ressonância magnética para conduzir pesquisas de base neurológica a respeito de crenças, descrenças e incertezas. Harris escreveu dois livros: A Morte Da Fé (2004) e Carta A Uma Nação Crista (2006).


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Rastafarianismo




Rastafarianismo ou Movimento Rasta é o nome com que se apresenta uma nova religião nascida na Jamaica na década de 30 do século XX.
Seus seguidores adoram Haile Selassie, imperador da Etiópia, de 1930 a 1974, e o consideram a manifestação ressurrecta de Yahshua (Jesus), sendo portanto, a reencarnação de Jah (Jehovah ou Deus). Como tal manifestação, Selassie irá conduzir os eleitos à criação de um mundo perfeito, “Zion”, o paraíso dos rastas. Buscando atingir o paraíso, os adeptos rejeitam a sociedade capitalista moderna, a qual chamam de “Babilônia”, que é vista como impura e corrupta, um reino em rebelião aos ditames de Jah, o criador.
Os rastas acreditam serem os verdadeiros filhos de Israel e seu objetivo primordial é o retorno à África. Não identificam o céu como o lugar do paraíso, acreditando em vez disso, que o paraíso fica na terra, invariavelmente na Etiópia. A filosofia rasta prega que os escolhidos por Jah são imortais, por isso, levam uma vida de eterna existência. A filosofia afrocentrista, a Bíblia, as ligações da Etiópia com Israel são também importantes fatores na composição da filosofia dos rastafari.
O uso da maconha dentro do movimento tem um cunho espiritual, e ocorre geralmente em conjunto com o estudo da Bíblia. É considerado um sacramento dentro de sua religião, limpando o corpo, mente e é curador da alma, aproximando o crente de Jah.
O nome da religião é uma junção de um título nobre etíope com o nome próprio do Imperador: Ras, na Etiópia, é um título de nobreza, dada a todo o nobre em âmbito regional (algo como “príncipe”); Haile Selassie, antes de ser o Imperador (Negusa Negast = rei dos reis, vindo de Negus = rei) utilizava o título “Ras”, sendo o seu nome de batismo Tafari Mekonnen; antes de ser coroado, o mesmo era chamado de Ras Tafari (príncipe Tafari). Na Jamaica, o nome acabou se tornando popular para a nova denominação religiosa, utilizado para se referir aos “seguidores do Ras Tafari” perdendo-se o seu significado original.
Um maior conhecimento da religião surgiu a partir do sucesso do cantor Bob Marley, ele mesmo um seguidor do movimento, e cujas canções continham mensagens na sua maioria religiosas e de divulgação da filosofia rasta. Hoje em dia acredita-se que cerca de um milhão de pessoas no mundo inteiro siga a denominação religiosa, sendo que na Jamaica existam em torno de 100 mil rastas.
A origem do movimento ocorre justamente durante a coroação de Haile Selassie, em 1930. Acostumados a uma realidade onde os negros eram sempre os serventes e os brancos os comandantes (toda a África, com exceção de Libéria e Etiópia estavam sob domínio europeu) os jamaicanos se espantaram ao tomar conhecimento da existência de um soberano africano. Importante notar que antes as comunicações, especialmente de eventos distantes não eram amplamente divulgados entre a população, sendo que o conhecimento da monarquia etíope só se deu de forma geral na Jamaica e em boa parte das Américas no início dos anos 30. Haile Selassie passa a ser encarado como Deus e Rei por muitos pobres jamaicanos, que, ao estudarem a Bíblia, enxergam várias profecias concretizadas no livro do Apocalipse relacionadas com a coroação. Leonard Howell é creditado geralmente como “o primeiro rasta”, pregando uma visão da Bíblia que conciliava a coroação de Haile Selassie, a opressão sofrida pelos negros, o retorno à África, entre outros temas ainda em voga na religião rasta.
Bibliografia:
REDINGTON, Norman Hugh. A Sketch of Rastafari History (em inglês). Disponível em <http://www.rastafarispeaks.com/articles/history.html>

As leis fundamentais da estupidez humana





Introdução

As atividades humanas encontram-se, por unânime consenso, em um estado deplorável. Esta, no entanto, não é uma novidade. Olhando para trás até onde podemos, elas sempre estiveram em um estado deplorável. O pesado fardo de desgraças e misérias que os seres humanos devem suportar, seja como indivíduos, seja como membros da sociedade organizada, é substancialmente o resultado do modo extremamente improvável – e ouso dizer estúpido – pelo qual a vida foi organizada desde os seus inícios.

Desde Darwin, sabemos que compartilhamos a nossa origem com as outras espécies do reino animal, e todas as espécies, sabe-se, da lombriga ao elefante, devem suportar a sua dose cotidiana de atribulações, temores, frustrações, penas e adversidades. Os seres humanos, todavia, têm o privilégio de terem de se sujeitar a um peso adicional, a uma dose extra de atribulações cotidianas, causadas por um grupo de pessoas que pertencem ao mesmo gênero humano. Este grupo é muito mais poderoso que a Máfia ou que o Complexo industrial-militar ou que a Internacional Comunista. É um grupo não organizado, que não faz parte de nenhuma hierarquia, que não tem chefe, nem presidente, nem estatuto, mas que consegue ainda assim operar em perfeita sintonia como se fosse guiado por uma mão invisível, de tal modo que as atividades de qualquer membro contribuem potencialmente para reforçar e amplificar as atividades de todos os demais. A natureza, o caráter e o comportamento dos membros deste grupo são o argumento das páginas que seguem.

É necessário salientar neste ponto que este ensaio não é fruto de cinismo nem um exercício de derrotismo social – não mais do que o é um livro de microbiologia. As seguintes páginas são, de fato, o resultado de um esforço construtivo para investigar, conhecer e portanto, possivelmente, neutralizar uma das mais poderosas e obscuras forças que impedem o crescimento do bem-estar e da felicidade humana.

Primeiro Capítulo – A Primeira Lei Fundamental

Primeira Lei Fundamental da estupidez humana afirma sem ambiguidade que
Sempre e inevitavelmente cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos em circulação¹.
À primeira vista esta afirmação pode parecer trivial, ou óbvia, ou até mesquinha, ou mesmo todas as três coisas juntas. No entanto, um exame mais atento revela plenamente a sua realista veracidade. Considere-se o que segue. Por mais alta que seja a estimativa quantitativa que alguém faça da estupidez humana, resta-se repetidamente e recorrentemente espantado pelo fato de que:
(a) pessoas que julgávamos no passado como racionais e inteligentes revelam-se depois, subitamente, inequívoca e irremediavelmente, estúpidas;
(b) dia após dia, com uma incessante monotonia, vêmo-nos dificultados e obstruídos em nossas próprias atividades por indivíduos teimosamente estúpidos, que aparecem repentina e inesperadamente nos lugares e nos momentos menos oportunos.
Primeira Lei Fundamental nos impede de atribuir um valore numérico à fração de pessoas estúpidas em relação ao total da população: qualquer estimativa numérica resultaria em uma subestimação. Por isto, nas páginas seguintes denotar-se-á a quota de pessoas estúpidas no conjunto de uma população com o símbolo s.

¹ Os autores do Velho Testamento estavam cientes da existência da Primeira Lei Fundamental e a parafrasearam ao afirmar que “stultorum infinitum numerus”, mas cometeram um exagero poético. O número de pessoas estúpidas não pode ser infinito porque o número de pessoas vivas é finito. (N. do A.)

Segundo Capítulo – A Segunda Lei Fundamental

As tendências culturais predominantes hoje nos países ocidentais favorecem uma visão igualitária da Humanidade. Ama-se pensar no Homem como o produto de massa de uma linha de montagem perfeitamente organizada. A genética e a sociologia, sobretudo, esforçam-se para provar, com uma muralha impressionante de dados científicos e formulações, que todos os homens são por natureza iguais e que, se alguns são mais iguais que os outros, isto é atribuível à educação e ao ambiente social, e não à Mãe Natureza.

Trata-se de uma opinião generalizada de que pessoalmente não compartilho. É a minha firme convicção, sustentada por anos de observações e experimentos, que os homens não são iguais, que alguns são estúpidos e outros não, e que a diferença é determinada não por forças ou fatores culturais, mas por características biogenéticas da inescrutável Mãe Natureza. Alguém é estúpido da mesma forma que um outro é ruivo; alguém pertence ao grupo dos estúpidos como um outro pertence a um grupo sanguíneo. Em resumo, alguém nasce estúpido por vontade indecifrável e indiscutível da Divina Providência.

Mesmo convencido que uma fração s de seres humanos seja estúpida e que o seja por vontade da Providência, não sou um reacionário que tenta reintroduzir furtivamente discriminações de classe ou de raça. Creio fixamente que a estupidez seja uma prerrogativa indiscriminada de todo e qualquer grupo humano, e que tal prerrogativa esteja uniformemente distribuída segundo uma proporção constante. Este fato é cientificamente expresso pela Segunda Lei Fundamental, que diz que:
A probabilidade de uma certa pessoa ser estúpida é independente de qualquer outra característica desta mesma pessoa.
A este propósito, a Natureza parece realmente ter superado a si mesma. É fato conhecido que a Natureza, ainda que misteriosamente, age de forma a manter constante a frequência relativa de certos fenômenos naturais. Por exemplo, quer os homens proliferem no Pólo Norte ou no Equador, quer os casais que se unem sejam bem-nutridos ou subdesenvolvidos, quer sejam negros, vermelhos, brancos ou amarelos, a relação macho-fêmea entre os recém-nascidos é constante, com uma ligeira prevalência de machos. Não sabemos como a natureza faz para obter este extraordinário resultado, mas sabemos que para obtê-lo ela deve operar com grandes números. O fato extraordinário acerca da frequência da estupidez é que a Natureza consiga fazer com que tal frequência seja sempre e em qualquer parte constante e portanto igual à probabilidade s, independentemente das dimensões do grupo, tanto que se encontra o mesmo percentual de pessoas estúpidas seja tomando-se grupos muito amplos ou grupos muito reduzidos. Nenhum outro tipo de fenômeno sujeito a observações oferece uma prova tão singular do poder da Natureza.

A prova de que a educação e o ambiente social não tem nada a ver com a probabilidade sfoi fornecida por uma série de experimentos conduzidos em muitas universidades do mundo. Podemos subdividir a população de uma universidade em quatro grandes categorias: os zeladores, os funcionários, os estudantes e o corpo docente.

Todas as vezes em que se analisaram os zeladores, descobriu-se que uma fração sdeles era de estúpidos. Dado que o valor de s era mais alto do que se esperava (Primeira Lei), pensou-se inicialmente, pagando tributo à moda corrente, que o fato fosse devido à pobreza das famílias das quais os zeladores geralmente provêm, e à sua escassa instrução. Mas analisando os grupos mais elevados, notou-se que a mesma porcentagem prevalecia também entre os funcionários e os estudantes. Ainda mais impressionantes foram os resultados obtidos entre o corpo docente. Seja considerando uma universidade grande ou uma pequena, um instituto famoso ou um obscuro, descobriu-se que a mesma fração s de professores era composta de estúpidos. Foi tal a surpresa com os resultados obtidos que resolveu-se estender a pesquisa a um grupo particularmente selecionado, a uma verdadeira e própria “élite”, isto é, aos ganhadores do Prêmio Nobel. O resultado confirmou os poderes superiores da Natureza: uma fração s dos Prêmios Nobel é constituída de estúpidos.

Este resultado é difícil de aceitar e digerir, mas várias evidências experimentais nos provaram a sua fundamental validade. A Segunda Lei Fundamental é uma lei de ferro e não admite exceção. O Movimento de Liberação da Mulher confirma a Segunda Lei, já que esta lei demonstra que os indivíduos estúpidos são proporcionalmente tão numerosos entre os homens quanto entre as mulheres. As populações dos países do Terceiro Mundo consolar-se-ão com a Segunda Lei, já que ela demonstra que, no final das contas, as populações ditas “desenvolvidas” não são assim tão desenvolvidas. Quer a Segunda Lei Fundamental agrade ou não, mesmo assim as suas implicações são diabolicamente inelutáveis: ela diz de fato que, quer frequentando círculos elegantes, quer refugiando-se entre os cortadores de cabeça da Polinésia, quer enclausurando-se em um mosteiro ou quer decidindo transcorrer o resto da vida na companhia de mulheres belas e luxuriosas, o fato permanece de que deveremos sempre enfrentar a mesma quantidade de gente estúpida – percentual que (de acordo com a Primeira Lei) superará sempre as mais negras previsões. 

 Terceiro Capítulo – Um intervalo técnico

Neste ponto é necessário esclarecer o conceito de estupidez humana e definir a dramatis persona.

Os indivíduos são caracterizados por diferentes graus de propensão a sociabilizar. Há indivíduos para os quais qualquer contato com outros indivíduos é uma dolorosa necessidade. Eles devem literalmente suportas as pessoas e as pessoas devem suportá-los No outro extremo do espectro estão os indivíduos que não podem absolutamente viver sozinhos e estão até mesmo dispostos a gastar seu tempo na companhia de pessoas que desdenham, para não ficarem sozinhos. Entre esses dois extremos, existe uma grande variedade de condições, se bem que a grande maioria das pessoas esteja mais próxima do tipo que não pode suportar a solidão e não do tipo que não tem propensão a contatos humanos. Aristóteles reconheceu este fato quando escreveu que “o homem é um animal social”, e a validade da sua afirmação é demonstrada pelo fato de que nós nos movimentamos em grupos sociais, que há mais pessoas casadas do que solteiras, que tanta riqueza e tempo sejam desperdiçados em exasperantes e maçantes cocktail parties e que à palavra solidão venha normalmente associada uma conotação negativa.

Quer pertença-se ao tipo eremita ou ao tipo mundano, deve-se de qualquer modo lidar com gente, ainda que com diversa intensidade. De vez em quando, até os eremitas encontram pessoas. Além do que, põe-se sempre em relação com os seres humanos também evitando-os. Aquilo que eu poderia ter feito por um indivíduo ou por um grupo, e que não fiz, representa um “custo-oportunidade” (isto é, um ganho perdido, ou uma perda) para aquela particular pessoa ou grupo. A moral da história é que cada um de nós tem uma conta corrente com cada um dos demais. De qualquer ação, ou não ação, cada um de nós leva um ganho ou uma perda, e ao mesmo tempo determina um ganho ou uma perda a algum outro.Os ganhos e perdas podem ser oportunamente ilustrados em um gráfico, e a figura 1 mostra o gráfico base utilizável para este escopo.

Figura 1
O gráfico refere-se a um indivíduo que chamaremos de Tício. O eixo X mede o ganho obtido por Tício em sua ação. O eixo Y mede o ganho que outra pessoa, ou grupo de pessoas, experimenta em virtude da ação de Tício. O ganho pode ser positivo, nulo ou negativo; um ganho negativo equivale a uma perda. O eixo X mede os ganhos positivos de Tício à direita do ponto O, enquanto as perdas de Tício são indicadas à esquerda do ponto O. O eixo Y, respectivamente sobre e sob o ponto O, mede os ganhos e perdas da pessoa, ou grupo de pessoas, com que Tício tem relação.

Para tornar as coisas claras, tomemos um exemplo hipotético, referindo-nos à figura 1. Tício realiza uma ação que atinge Caio. Se Tício com a sua ação consegue um ganho e Caio, pela mesma ação, sofre uma perda, a ação será registrada no gráfico por um símbolo que aparecerá em qualquer ponto da área B.

Os ganhos e perdas podem ser registrados em dólares ou francos ou liras, caso se queira, mas devem-se incluir também as recompensas e as satisfações psicológicas e emotivas, e os estresses psicológicos e emotivos. Estes são bens (ou males) imateriais, e portanto bastante difíceis de mensurar com parâmetros objetivos. A análise do tipo custo-benefício pode ajudar a resolver o problema, ainda que não completamente, mas não quero aborrecer o leitor com detalhes técnicos: uma margem de imprecisão pode prejudicar as medidas, mas não a essência do argumento. Um ponto contudo deve ficar claro. Ao considerar a ação de Tício e ao avaliar os benefícios ou perdas que Tício leva, deve-se levar em conta o sistema de valores de Tício; mas para determinar o ganho ou a perda de Caio, é absolutamente indispensável referir-se ao sistema de valores de Caio e não àquele de Tício. Frequentemente ignora-se esta norma de fair play, e muitos problemas derivam exatamente do fato de que não respeita-se este princípio de civil comportamento. Vamos recorrer mais uma vez a um exemplo banal. Tício dá uma pancada na cabeça de Caio e obtém satisfação. Tício pode talvez alegar que Caio ficou feliz por ter recebido uma pancada na cabeça. Mas é altamente provável que Caio não compartilhe a mesma opinião. Ao invés, Caio poderia considerar a pancada na sua cabeça um desagradabilíssimo acidente. Se a pancada na cabeça de Caio foi um ganho ou uma perda para Caio, cabe a Caio dizê-lo, e não a Tício. 

Quarto Capítulo – A Terceira (e áurea) Lei Fundamental

Terceira Lei Fundamental pressupõe, ainda que não o enuncie completamente, que os seres humanos pertencem a uma de quatro categorias fundamentais: os ingênuos, os inteligentes, os bandidos e os estúpidos. O leitor arguto compreenderá facilmente que estas quatro categorias correspondem às quatro áreas H, I, B, S do gráfico base (ver fig. 1 [na postagem anterior]).

Se Tício realiza uma ação e sofre uma perda, enquanto ao mesmo tempo oferece uma vantagem a Caio, o símbolo de Tício cairá no campo H: Tício agiu como ingênuo. Se Tício realiza uma ação com a qual obtém uma vantagem, e ao mesmo tempo oferece uma vantagem também a Caio, o símbolo de Tício cairá na área I: Tício agiu inteligentemente. Se Tício realiza uma ação com a qual ganha uma vantagem, causando uma perda a Caio, o ponto de Tício cairá na área B: Tício agiu como bandido. A estupidez corresponde à área S e a todas as posições no eixo Y abaixo do ponto O. A Terceira Lei Fundamentalesclarece que:
Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a uma outra pessoa ou grupo de pessoas, sem, ao mesmo tempo, obter qualquer vantagem para si ou até mesmo sofrendo uma perda.
Diante da Terceira Lei Fundamental, as pessoas sensatas reagem instintivamente com ceticismo e incredulidade. O fato é que as pessoas sensatas têm dificuldades em conceber e a compreender um comportamento irracional. Mas deixemos de lado a teoria e observemos ao invés disso o que nos acontece na prática, na vida de todos os dias. Todos nos recordamos de casos nos quais tivemos desafortunadamente de lidar com um indivíduo que buscava para si um ganho, causando-nos uma perda: deparamo-nos com um bandido. Podemos nos recordar ainda de casos nos quais um indivíduo realizou uma ação cujo resultado foi-lhe uma perda e para nós um ganho: lidamos com um ingênuo¹.

Podemos nos recordar também de casos nos quais um indivíduo realizou uma ação com a qual ambas as partes levaram vantagem: tratava-se de uma pessoa inteligente. Tais casos ocorrem continuamente. Mas refletindo bem, é preciso admitir que estes casos não representam a totalidade de eventos que caracterizam a nossa vida de todos os dias. A nossa vida é também pontuada por eventos em que sofremos perdas de dinheiro, tempo, energia, apetite, tranquilidade e bom-humor, por culpa das improváveis ações de alguma absurda criatura que aparece nos momentos mais impensáveis e inconvenientes para provocar-nos danos, frustrações e dificuldades, sem ter absolutamente nada a ganhar com aquilo que realiza. Ninguém sabe, compreende ou pode explicar por que essa absurda criatura faz o que faz. De fato, não há explicação – ou melhor – a explicação é uma só: a pessoa em questão é estúpida.

¹ Note-se a definição precisa “um indivíduo realizou uma ação”. O fato de ter sido ele  a iniciar a ação é decisivo para estabelecer que ele é um ingênuo. Se tivesse sido eu  a empreender a ação que determinou o meu ganho e a sua perda, a conclusão seria diferente: neste caso, eu teria sido um bandido. (N. do A.)

Quinto capítulo – Distribuição de frequências

A maior parte das pessoas não age coerentemente. Em algumas circunstâncias uma pessoa age inteligentemente e em outras aquela mesma pessoa comporta-se como ingênua. A única importante exceção à regra é representada pelas pessoas estúpidas, que normalmente mostram uma máxima propensão a uma plena coerência em todos os campos de atividade.

Deste fato não segue que pode-se assinalar no gráfico apenas as posições dos indivíduos estúpidos. Podemos calcular para toda pessoa a sua posição no plano da figura 1 [na parte 3] com base na média ponderada. Uma pessoa inteligente pode às vezes comportar-se como ingênua, como pode às vezes assumir um comportamento banditesco. Mas, como a pessoa em questão é fundamentalmente inteligente, a maior parte das suas ações terá a característica da inteligência e a sua média ponderada colocar-se-á no quadrante I do gráfico n° 1.

O fato de ser possível colocar no gráfico os indivíduos, em vez das suas ações, permite digressões sobre a frequência dos bandidos e dos estúpidos.

O perfeito bandido é aquele que, com as suas ações, causa a outros perdas equivalentes aos seus ganhos. O mais primitivo tipo de banditismo é o roubo. Uma pessoa que rouba 10.000 liras sem causar-nos danos adicionais é um bandido perfeito: perdemos 10.000 liras, ele ganha 10.000. No gráfico, os bandidos perfeitos aparecerão sobre a linha diagonal de 45 graus que divide a área B em duas subáreas perfeitamente simétricas (linha OM da figura 2).

Figura 2
Todavia, os bandidos perfeitos são relativamente poucos. A linha OM divide a área B nas duas subáreas Bi e Bs, e a grande maioria dos bandidos coloca-se em algum ponto destas duas subáreas.

Os bandidos que ocupam a área Bi são aqueles que procuram para si mesmos ganhos maiores que as perdas que causam aos outros. Todos os bandidos que ocupam uma posição na área Bi são desonestos com um elevado grau de inteligência, e quanto mais a sua posição se aproxima da parte direita do eixo X, mais características tais bandidos compartilham com a pessoa inteligente. Infelizmente, os indivíduos que ocupam a área Bi não são muito numerosos. A maior parte dos bandidos coloca-se efetivamente na área Bs. Os bandidos que introduzem-se nesta área são indivíduos cujas ações trazem-lhes vantagens inferiores às perdas causadas aos outros. Se alguém te faz cair e quebrar uma perna para roubar 10.000 liras, ou causa-te danos ao carro no valor de meio milhão de liras para roubar o som, com a qual obterá no máximo 30.000 liras, se alguém te dá um tiro de revólver e te mata só para passar uma noite em companhia da tua mulher em Monte Carlo, podemos estar certos de que não trata-se de um bandido “perfeito”. Sempre utilizando os seus parâmetros para mensurar os seus ganhos (mas usando os nossos parâmetros para mensurar as nossas perdas), ele cairá na área Bs, muito próximo ao limite da estupidez pura.

A distribuição de frequências das pessoas estúpidas é totalmente diferente da dos bandidos e dos ingênuos. Enquanto estes últimos estão na maior parte espalhados pelo espaço da respectiva área, os estúpidos estão na maior parte concentrados ao longo do eixo Y abaixo do ponto O. A razão disso é que a grande maioria das pessoas estúpidas são fundamentalmente e firmemente estúpidas – em outras palavras, eles insistem com perseverança em causar danos ou perdas a outras pessoas sem obter nenhum ganho para si, seja este positivo ou negativo. Há, no entanto, pessoas que, com suas inverossímeis ações, não apenas causam danos a outras pessoas, mas também a si mesmos. Estes formam um gênero de superestúpidos que, com base no nosso sistema de cálculo, aparecerão em qualquer ponto da área S à esquerda do eixo Y.

 Sexto Capítulo– Estupidez e poder

Como todas as criaturas humanas, também os estúpidos influenciam outras pessoas com intensidades muito variadas. Alguns estúpidos causam normalmente apenas perdas limitadas, enquanto alguns conseguem causar danos impressionantes não só a um ou dois indivíduos, mas a inteiras comunidades ou sociedades. O potencial de uma pessoa estúpida criar danos depende de dois fatores principais. Antes de tudo, depende do fator genético. Alguns indivíduos herdam notáveis doses do gene da estupidez e, graças a tal hereditariedade, pertencem, desde o nascimento, à elite do seu grupo. O segundo fator que determina o potencial de uma pessoa estúpida deriva da posição de poder e de autoridade que ela ocupa na sociedade. Entre burocratas, generais, políticos, chefes de estado e homens da igreja, encontra-se a áurea proporção s de indivíduos fundamentalmente estúpidos, cuja capacidade de prejudicar o próximo foi (ou é) perigosamente acrescida pela posição de poder que ocuparam (ou ocupam).

A pergunta que frequentemente colocam-se as pessoas sensatas é de que modo e como pessoas estúpidas conseguem chegar a posições de poder e de autoridade.

Classe e casta (seja laica ou eclesiástica) foram as instituições sociais que permitiram um fluxo constante de pessoas estúpidas a posições de poder na maior parte das sociedades pré-industriais. No mundo industrial moderno, classe e casta vão perdendo cada vez mais destaque. Mas, no lugar de classe e casta, existem partidos políticos, burocracia e democracia. Em um sistema democrático, as eleições gerais são um instrumento de grande eficácia para assegurar a manutenção da fração s entre os poderosos. Recordemos que, com base na Segunda Lei, a fração s de pessoas que votam são estúpidas, e as eleições oferecem-lhes uma magnífica oportunidade para prejudicar todos os outros, sem obter nenhum ganho com suas ações. Eles atingem esse objetivo, contribuindo para a manutenção do nível s de estúpidos entre as pessoa no poder. 

 Sétimo capítulo – O poder da estupidez

Não é difícil compreender como o poder político ou econômico ou burocrático amplifica o potencial nocivo de uma pessoa estúpida. Mas devemos ainda explicar e entender o que rende essencialmente perigosa uma pessoa estúpida; em outras palavras, em que consiste o poder da estupidez.

Essencialmente, os estúpidos são perigosos e funestos porque as pessoas sensatas acham difícil imaginar e entender um comportamento estúpido. Uma pessoa inteligente pode entender a lógica de um bandido. As ações do bandido seguem um modelo de racionalidade: racionalidade perversa, caso queiram, mas sempre racionalidade. O bandido quer “algo mais” na sua conta. Dado que não é inteligente o bastante para inventar métodos para obter “algo mais” para si buscando ao mesmo tempo “algo mais” também para os outros, ele obterá o seu “algo mais” causando “algo menos” ao seu próximo. Tudo isso não é justo, mas é racional e, se é racional, pode ser previsto. Pode-se, em resumo, prever as ações de um bandido, as suas imundas manobras e as suas deploráveis aspirações e amiúde podem-se preparar as defesas oportunas.

Com uma pessoa estúpida tudo isso é absolutamente impossível. Como está implícito naTerceira Lei Fundamental, uma criatura estúpida perseguir-te-á sem razão, sem um plano preciso, nos momentos e nos locais mais improváveis e mais impensáveis. Não há nenhum método racional para prever se, quando, como e por que uma criatura estúpida levará adiante o seu ataque. Frente a um indivíduo estúpido, estamos completamente à sua mercê.

Já que as ações de uma pessoa estúpida não estão de acordo com as regras da racionalidade, segue que:
(a) geralmente somos tomados de surpresa pelo ataque;
(b) mesmo quando toma-se consciência do ataque, não se consegue organizar uma defesa racional, porque o ataque, por si mesmo, é desprovido de qualquer estrutura racional.
O fato de que a atividade e os movimentos de uma criatura estúpida são absolutamente erráticos e irracionais não apenas torna a defesa problemática, mas torna também extremamente difícil qualquer contra-ataque – é como tentar disparar em um objeto capaz dos mais improváveis e inimagináveis movimentos. Isso é o que Dickens e Schiller tinham em mente quando um afirmou que “com estupidez e boa digestão, o homem pode enfrentar qualquer coisa”, e o outro que “contra a estupidez até os deuses combatem em vão”.

É preciso levar em conta também uma outra circunstância. A pessoa inteligente sabe que é inteligente. O bandido está consciente de ser um bandido. O ingênuo está penosamente repleto do senso da própria ingenuidade. Ao contrário de todos estes personagens, o estúpido não sabe que é estúpido. Isto contribui fortemente a dar maior força, incidência e eficácia às suas ações devastadoras. O estúpido não é inibido por aquele sentimento que os anglossaxões chamam de self-consciousness. Com o sorriso nos lábios, como se estivesse realizando a coisa mais natural do mundo, o estúpido aparecerá improvisadamente para destroçar os teus planos, destruir a tua paz, complicar-te a vida e o trabalho, fazer-te perder dinheiro, tempo, bom-humor, apetite, produtividade – tudo isso sem malícia, sem remorso, e sem motivo. Estupidamente.

Oitavo capítulo – A Quarta Lei Fundamental

Não se deve ficar espantado se as pessoas ingênuas, isto é, aquelas que no nosso sistema caem na área H, em geral não consigam reconhecer a periculosidade das pessoas estúpidas. O fato só representa outra manifestação da sua ingenuidade. O que é verdadeiramente surpreendente é que mesmo as pessoas inteligentes e os bandidos frequentemente não conseguem identificar o poder devastador e destruidor da estupidez. É extremamente difícil explicar por que isso ocorre. Pode-se apenas conjecturar que frequentemente tanto os inteligentes quanto os bandidos, quando abordados por indivíduos estúpidos, cometem o erro de abandonar-se a sentimentos de auto-complacência e desprezo, ao invés de produzir imediatamente quantidades maiores de adrenalina e preparar as defesas.

É-se geralmente levado a acreditar que uma pessoa estúpida faça mal somente a si própria, mas isto significa enfrentar a estupidez com a ingenuidade. Às vezes, é-se tentado a associar-se com um indivíduo estúpido com o objetivo de usá-lo para os próprios objetivos. Tal manobra só pode ter efeitos desastrosos porque: (a) é baseada em uma completa incompreensão da natureza essencial da estupidez; e (b) dá à pessoa estúpida mais espaço para o exercício dos seus talentos. Alguém pode se iludir a manipular uma pessoa estúpida e, até certo ponto, pode-se até conseguir. Mas, por causa do errático comportamento do estúpido, não se pode prever todas as suas ações e reações, e em breve ver-se-á desarticulado e pulverizado por suas imprevisíveis ações.

Tudo isso é claramente sintetizado pela Quarta Lei Fundamental, que afirma que
As pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem constantemente que, em qualquer momento e lugar, e em qualquer circunstância, tratar e/ou associar-se a indivíduos estúpidos demonstra-se infalivelmente um custosíssimo erro.
Nos séculos dos séculos, na vida pública e privada, inúmeras pessoas não levaram em conta a Quarta Lei Fundamental e isso causou incalculáveis perdas à humanidade.

Nono capítulo – Macroanálise e a Quinta Lei Fundamental

As considerações finais do capítulo precedente conduzem a uma análise do tipo “macro”, na qual, ao invés do bem-estar individual, considera-se o bem-estar da sociedade, definido, neste contexto, como a soma algébrica das condições de bem-estar individual. Uma completa compreensão da Quinta Lei Fundamental é essencial para esta análise. É necessário, por outro lado, acrescentar que, das cinco leis fundamentais, a Quinta é certamente a mais conhecida e o seu corolário é citado muito frequentemente. Ela afirma que:
A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigoso que existe.
O corolário da lei é que:
O estúpido é mais perigoso que o bandido.
A formulação da lei e do corolário ainda é do tipo “micro”. Como indicado acima, todavia, a lei e o seu corolário têm implicações de natureza “macro”. O ponto essencial a ter em conta é este: o resultado da ação de um perfeito bandido (a pessoa que cai sobre a linha OM da figura 2) representa pura e simplesmente uma transferência de riqueza e/ou bem-estar. Depois da ação de um perfeito bandido, ele terá um “positivo” na sua conta, “positivo” que equivalerá exatamente ao “negativo” que ele terá causado a uma outra pessoa. Para a sociedade no seu conjunto a situação não terá melhorado nem piorado. Se todos os membros de uma sociedade fossem bandidos perfeitos, a sociedade permaneceria em condições estagnantes, mas não haveria grandes desastres. Tudo limitar-se-ia a uma massiva transferência de riqueza e bem-estar em favor daqueles que realizaram a ação. Se todos os membros da sociedade tivessem de executar a ação em turnos regulares, não apenas a sociedade inteira, mas também os indivíduos particulares, encontrariam-se em um estado de perfeita estabilidade.

Mas quando os estúpidos colocam-se em ação, a música muda completamente. As pessoas estúpidas causam perdas a outras pessoas sem receber vantagens para si mesmos. Segue que a sociedade inteira empobrece.

Figura 3
O sistema de cálculo expresso nos gráficos base mostra que, enquanto todas as ações de indivíduos que caem à direita da linha POM (ver a figura 3) incrementam o bem-estar da sociedade, ainda que em graus diversos, as ações de todas as pessoas que caem à esquerda da mesma linha POM empobrecem a sociedade.

Em outras palavras, os ingênuos dotados de elementos de inteligência mais elevados com respeito à média  da sua categoria (área Hi), assim como os bandidos com dotes de inteligência (área Bi), e sobretudo os inteligentes (área I) contribuem todos, em medidas diferentes, a aumentar o bem-estar da sociedade. Por outro lado, os bandidos com dotes de estupidez (área Bs) e os ingênuos com elementos de estupidez (área Hs) só fazem acrescentar as perdas àquelas já causadas pelas pessoas estúpidas (área S), aumentando assim o seu nefasto poder destruidor.

Tudo isso sugere algumas reflexões sobre o desempenho da sociedade. De acordo com a Segunda Lei Fundamental, a fração de gente estúpida é uma constante s, que não é influenciada por tempo, espaço, raça, classe ou qualquer outra variável histórica ou sócio-cultural. Seria um grave erro crer que o número de estúpidos seja mais elevado em uma sociedade em declínio que em uma sociedade em ascensão. Ambas sofrem o mesmo percentual de estúpidos. A diferença entre as duas sociedades consiste no fato de que, na sociedade em declínio:
(a) aos membros estúpidos da sociedade é permitido, pelos demais membros, tornarem-se mais ativos;
(b) há uma mudança na composição da população de não estúpidos, com um aumento relativo das populações das áreas Hs e Bs.
Esta hipótese teórica é abundantemente confirmada por uma exaustiva análise de casos históricos. Com efeito, a análise histórica nos permite reformular as conclusões teóricas de modo mais completo e com detalhes mais realísticos.

Seja considerando a era clássica, medieval, moderna ou contemporânea, permanecemos assombrados pelo fato de que todo país em ascensão tem a sua inevitável quota de pessoas estúpidas. Todavia, um país em ascensão tem também um percentual insolitamente alto de indivíduos inteligentes, que buscam manter a fração s sob controle, e que, ao mesmo tempo, procuram ganhos para si mesmos e para os demais membros da comunidade, suficientes para tornar o progresso uma certeza.

Em um país em declínio, o percentual de indivíduos estúpidos é sempre igual a s; todavia, na população restante nota-se, especialmente entre os indivíduos no poder, uma alarmante proliferação de bandidos com uma alta porcentagem de estupidez (subárea Bs do quadrante B na fig. 3) e, entre aqueles não ao poder, um igualmente alarmante aumento no número de ingênuos (área H no gráfico base, fig. 1). Tal mudança na composição da população de não estúpidos reforça inevitavelmente o poder destruidor da fração s de estúpidos e leva o país à ruína.

Apêndice

Nas páginas seguintes, o leitor encontrará um certo número de gráficos que poderá utilizar para registrar as ações de pessoas ou grupos com os quais tem de lidar constantemente. Isto permitirá formular avaliações precisas das pessoas ou grupos em questão e, portanto, adotar uma linha de ação racional em seus contatos.

[Em virtude do caráter digital desta tradução, julgou-se necessário fornecer apenas uma cópia do gráfico base. (N. do T.)]