Farias Brito e a Filosofia no Ceará
A filosofia deitou no Ceará raízes profundas, a Terra do Sol teve um filósofo que pode ser considerado o mais importante, primeiro e mais original dos filósofos brasileiros, Farias Brito.
Raimundo de Farias Brito (1862 - 1917) nasceu em São Benedito,
fez seus primeiros estudos em Sobral, mas com a seca teve de mudar-se
com a família para Fortaleza, onde completou o curso secundário, além de
dar aulas particulares; foi depois ao Recife onde fez o curso de
jurídico na famosa Escola do Recife, onde ensinava Tobias Barreto. Fez
parte de algumas agremiações literárias importantes do final do século
XIX no Ceará, como O Clube Francês, além publicar diversos artigos e poemas em jornais cearenses como A Quinzena. Após isso regressou ao Ceará onde atuou como professor em Aquiraz e Viçosa.
Publicou o livro A Finalidade do Mundo (1895) em três volumes, que é dividido em três partes, a primeira é “a filosofia como atividade permanente do espírito”, a segunda “os dois grandes métodos da filosofia moderna” e a terceira “teoria da finalidade”,
depois foi ao Rio e depois ao Pará, atuando como advogado, promotor e
professor da Faculdade de Direito de Belém. Em 1909 vai definitivamente
para o Rio de Janeiro. Ali faz concurso para professor de Lógica,
tirando o primeiro lugar, mas foi preterido por Euclides da Cunha, autor
de Os Sertões, tomando posse após a morte deste, na mesma cadeira no Colégio Pedro II. Farias Brito publicou ainda A verdade como regras das ações (1905), A Base Física do Espírito (1912) e O Mundo Interior (1914), além destas restam ainda um volume com seus Inéditos e Dispersos. Faleceu em 1917.
Farias Brito teve como destino elevar a especulação filosófica no
Brasil a um nível ainda não galgado: foi o primeiro filósofo brasileiro a
travar diálogo com os modernos sistemas filosóficos europeus e ousar
uma interpretação própria da realidade contra as opiniões já
reconhecidas. Criticado acidamente por uns e elogiado por outros, nosso
filósofo fez com que a filosofia não se enclausurasse na academia e ao
mesmo tempo não se limitasse apenas ao comentário do que se escrevia na
Europa, contribuindo, mesmo que modestamente, para um filosofar
autêntico, o que não foi empreendido por nenhum de seus críticos.Fonte: www.momento-para-pensar.blogspot.com.br
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