A Filosofia na Alcova, de subtítulo Diálogos destinados à educação de jovens meninas,
é um livro que apresenta de forma interessante e teatral os principais
pensamentos filosóficos de Marquês de Sade, além de uma introdução às
perversões sexuais que concebeu. é, portanto, uma boa recomendação para
quem nunca leu Sade. você certamente ficará chocado com muitas coisas -
mas nada comparado à leitura de Os 120 Dias de Sodoma, ao final do qual eu duvido que mais de 1% da população tenha estômago para chegar.
não,
Marquês de Sade não é só putaria, como diz muita gente por aí (as
quais, por coincidência, não leram os livros dele). é um filósofo
importante, estudado pelo principais pensadores que vieram depois dele.
a
história narra a educação erótica e filosófica de uma menina de 15
anos, Eugénie, a qual Madame de Saint-Ange e o seu irmão, o cavaleiro
Mirval, vão iniciar a todas as facetas da luxúria e da liberdade de
espírito, ajudados pelo sodomita Dolmancé e pelo jardineiro Augustin. é
composto sob a forma de sete diálogos, entrecortados de discursos sobre
liberdade, religião, política e moral.
a
reflexão libertina exposta por Sade parte do princípio que a Natureza
rege todo o Universo e que Deus não existe fora do espírito dos homens. o
autor faz verdadeira apologia à Religião de Dionísio, pregada por nós da Sociedade Dionisíaca, quando diz, referindo-se ao paganismo romano, "Uma vez que acreditamos que um culto é necessário, imitemos o dos romanos".
sendo
a Natureza o único motor do mundo, tudo que segue seus princípios é por
ela legitimada. o sexo, o egoísmo e a violência são, além de
encontrados na Natureza, manifestações da Natureza no homem e, por isso,
podem ser ditas Naturais, portanto além do bem e do mal. com efeito,
essas construções morais (o bem e o mal) estão em foco nessa
argumentação: uma vez que não existem na Natureza, não podem ser tomados
como fundamento de nossas ações. a Natureza deve ser nosso único
modelo.
a reflexão exposta serve aos personagens libertinos para legitimar todos os seus desejos, em particular os seus desejos sexuais.
a partir desse princípio, a sociedade perde todos os seus direitos. suas regras e leis vêm para reprimir nossos impulsos naturais: vão contra a Natureza e são, portanto, intoleráveis.
"É
uma terrível injustiça exigir que homens de personalidades diferentes
se curvem a leis iguais: o que é natural para um não o é para outro".
a lógica libertina é tão lasciva, no sentido mais cruel da palavra, que somos levados a questionar as verdadeiras intenções de Sade. será que ele procurou sinceramente promover o naturalismo libertino? certamente ele não gostaria que o seu pensamento fosse adotado por todos, pois nesse caso seria vítima de suas próprias infâmias...
Fonte: www.sociedadedionisiaca.blogspot.com.br
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