CAMUS: O ABSURDO E A FINITUDE
“ A Filosofia de Camus é uma Filosofia do Absurdo, e o absurdo, para ele, nasce da relação entre o homem e o mundo, entre as exigências racionais do homem e a irracionalidade do mundo”. Sartre
A vida humana pode não ter sentido, mas também ser absurda. O mundo é constituído por despropósitos onde não parece existir finalidade e valor.
Para Camus a vida é absurda, não tem sentido. A inutilidade do sofrimento e a inevitabilidade da morte confirma a sua posição.
A Peste é um romance fascinante que nos leva a reflectir sobre a finitude do homem e a morte eminente. Aqui o homem está perante uma situação limite.
Em O Estrangeiro, é tratado o absurdo da existência. O homem sente-se um estrangeiro entre os homens, um exilado do mundo para o qual não encontra um sentido. A personagem vive o absurdo, opta pelo fracasso ou pela desistência da vida.
Em O Estrangeiro Camus o absurdo centra-se no indivíduo, em A Peste o absurdo é colectivo. Nos dois casos a gratuidade da vida, da morte, dos acontecimentos e a irracionalidade do mundo.
Heidegger define o homem como um “ser-para-a-morte”; a morte não é apenas um fim inevitável, pertence à estrutura íntima do homem.
Para os existencialistas, a morte é exterioridade, é a negação do homem e, por isso absurda.
Trata-se de um romance que coloca o homem frente à situação-limite que mais o assusta: a morte, não como resultado do ciclo da existência, o que é natural, mas trágica, dolorosa, com sofrimento. E mais: gratuita, um capricho cruel que surge repentinamente, impondo um fim gradual e pavoroso. Dada sua omnipresença e força simbólica, a morte é uma personagem nesse livro da separação e da esperança.
Através do Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Camus procura mostrar como o esforço humano é inútil, como a existência tem uma natureza absurda.
O mito de Sísifo é um mito grego onde Sísifo, rei de Corinto, por ter desafiado os Deuses, contando os seus segredos aos mortais, foi condenado a empurrar uma pedra enorme, sem descanso, até ao cume de uma montanha. Mas, assim que chegava ao topo, a pedra resvalava e era preciso começar de novo, eternamente. Esta imagem traduz a existência humana, onde as tarefas se iniciam num ciclo sem fim.
O Absurdo significa o sem sentido do que não está de acordo com as leis da lógica.
Jean Paul Sartre escreveu no Prefácio de “O Mito de Sísifo” “ A Filosofia de Camus é uma Filosofia do Absurdo, e o absurdo, para ele, nasce da relação entre o homem e o mundo, entre as exigências racionais do homem e a irracionalidade do mundo”.
Efectivamente, o sentimento de absurdo nasce do confronto inconsequente e doloroso entre o homem e o mundo. O homem procura a inteligibilidade do mundo e da vida mas a realidade apresenta-se irracional.
Mas é a estranheza que se revela na existência; os outros e nós mesmos revelam-se estranhos. Queremos promover valores mas a existência afirma-se nua e crua com um sofrimento inadmissível.
Mas o que fazer, face ao absurdo?
Não podemos fugir à condição humana. A resposta deve ser a revolta. A recusa em cooperar com a injustiça, com a desonestidade