Máquina pública comprometida com interesses privados, governo e Congresso sob suspeita, reforma política emperrada, estrutura partidária problemática. Pra variar, como em qualquer grande problema nacional, resta ao povo tomar uma atitude para mudar a situação. Começando pelas urnas. “Ainda não inventaram uma forma de controle social melhor que a rotatividade do poder”, explica o professor Luiz Otavio Cavalcanti. Mas como escolher o candidato certo, o “candidato honesto”? Vale lembrar que boa parte da classe política corrupta foi eleita com a alcunha de “honesta”. Ora, isso não é desculpa para se isentar da sua responsabilidade de votar. Informe-se! E o melhor meio é este aqui: a Internet. Há inúmeras iniciativas na rede que promovem informações e debates de qualidade acerca da atividade política.
Nos sites “Excelências” (projeto pioneiro da organização “Transparência Brasil”) e “Políticos do Brasil” (organizado pelo jornalista Fernando Rodrigues, autor de livro com o mesmo nome), você encontra fichas completas de candidatos a diversos cargos, nesta e em outras eleições. Com poucos cliques, é possível acessar dados como declarações de bens, denúncias de corrupção e processos em andamento.
Para Maranhão, já está mais que provado que essas fontes de informação têm sido usadas pelos eleitores e observadas pelos candidatos. “Basta ver o horário eleitoral. Candidatos novos estão cientes de que o povo quer renovação e procuram reafirmar a todo momento que ainda não possuem mandato.” Para ele e outros especialistas ouvidos, esse é um ótimo sinal. Nas últimas eleições, chegamos a renovar 45% das cadeiras (ou seja, substituímos quase metade dos deputados por candidatos novos, que, teoricamente, estão mais dispostos a se comprometer com o interesse público). “Neste ano, devemos bater o recorde”, espera. Acima de tudo, é preciso reconhecer que o que mais alimenta a prática da grande corrupção no Brasil é a falta de mobilização da sociedade e de um pensamento que priorize o bem coletivo ao invés do interesse privado. Nossa omissão e nossa falta de consciência política fortalecem e incentivam corruptores. E, depois, quando os esquemas são descobertos, é também nossa falta de cobrança que contribui para que os processos não deem em nada. E, se a pesquisa Ibope (citada no tópico “Origem e custo da corrupção” desta reportagem) traz conclusões alarmantes sobre o comportamento do cidadão, é hora de pensar em mudá-lo, não acha? Hora de tomar uma nova atitude em relação a nossos governantes, nossos amigos, parentes, vizinhos e também, em relação a nossos próprios valores.Mas não basta apenas escolher um candidato e votar. É preciso agir, fiscalizar, informar-se e cobrar, principalmente depois que ele tomar posse. É o que o professor Luiz Otavio Cavalcanti chama de “amadurecimento da relação entre o povo e os governantes”. E, também nesse caso, a Internet vem a calhar. Uma forma de participar é se associar a organizações independentes que discutem a questão, como Transparência Brasil, Instituto Millenium e A Voz do Cidadão. Uma das iniciativas mais recentes e promissoras é o Wiki Política, portal de informação colaborativa (idealizado pelos mesmos criadores da Wikipédia) que escolheu o Brasil como o 6.º lugar no mundo para ser implantado — é o primeiro país emergente a participar da campanha. A idéia é fazer com que você, cidadão, também faça política, colocando ali informações sobre candidatos ou discutindo a melhor forma de votar, etc. As possibilidades são inúmeras. Outros usuários participam como colaboradores, sugerindo alterações, correções ou inclusões no material que você publicou.
E os seus valores, quais são? Você está realmente ajudando a formar uma nação mais sadia?
Fonte: www.educacional.com.br
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