Filosofia Circular

quinta-feira, 28 de novembro de 2013




O Deísmo  expressa uma posição filosófica e também religiosa que aceita a ação divina na criação do mundo, convicção esta conquistada não por revelações de Deus, mas sim pela compreensão racional da Divindade, uma percepção que parte do conhecimento das leis que regem a vida e a Natureza. Esta doutrina nasceu no final do século XVII, na Inglaterra, fruto das teorias elaboradas por Lord Herbert Cherbury, o criador do deísmo britânico. Em princípios do século XVIII estas idéias se disseminaram pela França, onde surgiu a expressão que deu nome a este movimento – o deísmo.
Pensadores franceses desta época defendiam que os adeptos desta filosofia  não tiveram a oportunidade de se tornar ateus, enquanto no século XIX outros filósofos do mesmo país afirmavam que os seguidores deste movimento nunca desejaram ser descrentes de Deus. Estes conceitos distintos revelam a polêmica em torno da definição concreta do Deísmo.
Pela lógica deste pensamento, que racionaliza a crença em Deus, não há necessidade de se institucionalizar a religião, ou seja, é dispensável a criação de cultos religiosos formais. Ao contrário do teísmo, que também afirma a existência doCriador, gerador de tudo que há, o Deísmo acredita que a interferência desta Divindade no mundo por ela produzido cessa exatamente neste momento. Ele lhe atribui leis que regerão a vida e seus mecanismos, depois deixa sua criação relegada às normas naturais instituídas por Ele; e, além disso, dispensa seus ritos de devoção.
Mas não há um consenso doutrinário nem mesmo entre os próprios deístas. Eles nem mesmo adotam uma doutrina exclusiva. É certo, porém, que eles substituem o conceito de ‘revelação divina’, os atributos dogmáticos e convencionais das religiões, pelo uso da razão, das experiências científicas, bem como pelo conhecimento das leis naturais. Deus, para os deístas, não é exatamente um ser antropomórfico, a quem são atribuídas as características humanas, tanto as físicas quanto as emocionais. Ele pode ser compreendido como o princípio vital que anima tudo que existe, como a energia geradora da vida, ou ainda como o motor que move o Universo. Esta visão, naturalmente, vai de encontro às crenças das religiões ortodoxas.
Os deístas crêem que, se uma revelação realmente se concretiza, ela deve valer apenas para quem a recepcionou, não como uma verdade absoluta e universal imposta a todos. Isto significa ver as diversas religiões como emanações distintas de uma mesma verdade divina, embora esta não seja soberana e ilimitada. Assim, este movimento é fruto do Humanismo que permeava o movimento renascentista, o qual posicionava o Homem como centro de tudo, em contraposição ao Teocentrismo, que defendia ser Deus o centro do Universo. O foco principal da cultura humana se transporta de Deus para o Homem. Neste contexto do nascimento do Deísmo também ocorria uma expansão da Ciência e, portanto, do racionalismo.
Os deístas acreditavam na possibilidade de se criar uma religião natural, de algo que podia ser compreendido por meio do raciocínio. Eles rejeitavam, assim, qualquer fé em milagres ou em acontecimentos sobrenaturais. O Deísmo também defendia que não se podia conhecer a Deus, mas apenas o que ele tinha criado. Era nas leis elaboradas por Deus que o indivíduo deveria se pautar em sua vida. Mas engana-se quem pensa que grande parte dos deístas realmente achava que Deus não interagia de forma alguma com o universo humano, embora alguns assumissem uma posição totalmente agnóstica, pois defendiam que no seu cotidiano o Homem deve se guiar pela Razão.
O Deísmo se difundiu sempre em contextos nos quais o fanatismo imperava, como na Inglaterra, onde ele se estabeleceu em contraposição à Igreja Anglicana e ao radicalismo puritano. Na França este movimento foi disseminado principalmente por Voltaire, que neste país popularizou os escritos deístas ingleses, somados aqui ao sentimento anticlerical dos chamados enciclopedistas. Alguns filósofos, desta forma, acabaram se tornando ateus. Na Alemanha, Kant, um dos principais pensadores alemães, destacava que a moralidade não poderia ser fruto de uma revelação divina, mas era algo inerente à racionalidade humana.
Embora os deístas creiam na existência de vida em esferas que transcendem a matéria, não se deixam seduzir por dogmas ou mitos, e geralmente apresentam alguma espécie de frustração com as religiões tradicionais.
Fontes
http://encfil.goldeye.info/deismo.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deísmo

Alguns Filósofos Ateus


A historia do pensamento ateu é bastante difusa e, por isso, nada concentrada em único individuo ou lugar. No entanto, como muitos dos conceitos ocidentais, o primeiro relato de um pensador ateu ocorre na Grécia antiga, no século 4 antes de Cristo. A origem da palavra deste modo deriva do grego antigo, sendo o adjetivo atheos formado pelo prefixo a, dando o significado de “ausência”. O radical “teu”, derivado do radical theos, significa “deus”. Assim resultando o sentido de “sem deus”


Epicuro

Na Grecia, quem difundiu as ideias da ausência de deus foi o filosofo nascido na ilha de Samos em 341 a.c., Epicuro mesmo não sendo propriamente um ateu, levantou a questões de que os deuses nada mais são do que simples analogias das qualidades humanas. Durante seus estudos, Epicuro indagou relação das pessoas com os deuses do Olimpo, pois, para ele se os deuses existissem, eles teriam mais com o que se preocupar em vez de criarem métodos de sofrimento para as pessoas.



Carnéades

Influenciado pelo epicurismo, o filosofo Carnéades, de Cirene (214 – 129 a.c.) chegou a dzer abertamente em publico que os deuses não existiam. Na ocasião ele estava em Roma, enviado com mais dois outros filósofos para representar Atenas na cidade. A declaração do pensador foi durante uma conferencia no senado romano e é considerada a primeira manifestação publica de ateísmo filosófico.  




Após o domínio cristão
Com o crescimento da doutrina crista pelo mundo ocidental e a estatização da religião, durante muitos anos, ser ateu era considerado uma ofensa. Conforme a igreja Católica foi se constituindo, mais e mais perigoso tornou-se o fato de ser ateu, chegando ao patamar de transformar em uma acusação. Muitas das vezes, apenas ser mencionado por alguém, ou mesmo cogitado, já era o bastante para o dto herege ser condenado a fogueira. Devido ao perigo de ser ateu, não é possível precisar quantos ou mesmo quem era ateu até a chegada do iluminismo, no século 18.

Diderot

O filosofo Denis Diderot (1713 – 1784) é um dos mais ferrenhos críticos francesses da religião, autor, dentre vários, do livro A Religiosa. Nesta obra, Direrot ataca diretamente a igreja Católica e as praticas eclesiásticas. Além disso, em A Religiosa, o autor denuncia vários abusos cometudos pela igreja – que, na época, detinha um poder inquestionável perante a população europeia como todo. É celebre a frase em que Direrot diz: “O homem só será livre quando o ultimo déspota for estrangulado com as entranhas do ultimo padre.”


Século 19

Feuerbach

Nesse período, ouve uma grande proliferação dos ateus na Europa. Tido como principal filosofo contemporâneo ateu e um de seus mais notáveis difusores, o alemão Ludwig Feuerbach (1804 – 1872) chegou a influenciar o mais conhecido pensador ateu: Karl Marx. As ideias de Feuerbach têm como base que deus é a projeção do desejo de perfeição do homem. Assim, deus nada mais seria do que o próprio homem evoluído dentro de uma concepção divina. Na obra mais famosa do autor. A Essência Do Cristianismo, Feusrbach diz que o pensamento teológico, na verdade, é o desenvolvimento de um raciocínio em que “o homem cria deus a sua imagem e semelhança”.

Marx

Contemporâneo de Feuerbach, e também alemão, Karl Marx (1818 – 1883) exprimeiu com clareza a tendência ateia no livro Uma Contribuição A Critica Da Filosofia Do Direito De Hegel, de 1844. Na obra, Marx expos as ideias anticlericais e antiteistas, influenciando uma serie de pensadores modernos ao ter, em uma das características, a declaração explicita do ateísmo como consciência individual. Todas as revoluções marxistas, como na URSS ou  na china, tiveram como marca a perseguição religiosa. Em razão dessas perseguições, mortes e prisões, ate hoje se relaciona o comunismo marxista a intolerância religiosa.

Nietzsche

Ainda na Alemanha no século 19, outro influente pensador ateu foi Friedrich Nietzsche (1844 – 1900). Nascido no ano de publicação do livro de Marc. Uma contribuição a critica da filosofia do direito de Hegel, no antiteismo, Nietzsche é conhecido pela famosa frase: “Deus  esta morto”, além do questionamento: “Seria o homem um erro de deus ou deus um erro do homem?” feito no polemico livro O anticristo, em que Nietzsche ainda proclama que o único cristão morreu na cruz. No caso, isso seria uma critica a origem do cristianismo, pois, para Nietzsche, o fundador do cristianismo não foi Jesus, mas Paulo de Tarso, que teria deturpado os ensinamentos de cristo a partir de suas próprias interpretações.


Século 20

Sartre

Conhecido pela vertente filosófica existencialista, Jean-Paul Sartre (1904 – 1980) é um dos mais notórios pensadores do século 20. Influenciado pelo marxismo, Sartre desenvolveu uma dialética que explana varias razoes para a inexistência de deus. Em decorrência da defesa do existencialismo ateu, suas obras foram ate mesmo incluídas na lista de livros proibidos pelo vaticano. O existencialismo sartreano reconhece a moral laica em que os valores humanos existam sem a necessidade do divino. Considera a moral uma consciência de responsabilidade do próprio individuo, não o medo da punição divina pelo erro.

Sam Harris

Dos pensadores ateus contemporâneos, um dos mais proeminentes é estadunidense Sam Harris (1967). Graduado em filosofia, recebeu o titulo de doutor em neurociência em 2009. O pensamento de Harris se baseia em pontos tanto ideológico como físicos para demonstrar a “farsa das religiões”, sendo esse o mote de doutorado em neurociência. Durante os anos de estudo, Harris utilizou imagens de ressonância magnética para conduzir pesquisas de base neurológica a respeito de crenças, descrenças e incertezas. Harris escreveu dois livros: A Morte Da Fé (2004) e Carta A Uma Nação Crista (2006).